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hey my friend, still there?
are you?!
my friend?
friend...
e me mostro de lá pra você...
Estava preparando-me para dormir quando pendurou-se-me uma idéia no trapézio de meu cérebro, começou a dar cambalhotas e despertou esta louca vontade de escrever. Escrever com ousadia. Pois na forma mais sensata de mundo, o verbo que jamais se deveria conjugar no imperativo é o verbo amar. Aprendi com o velho Brás que o amor da glória era coisa mais verdadeiramente humana que há no homem, a sua mais genuína perfeição.
Mas ame mesmo, ame muito, ame sem medo e sem vergonha! Quem disse que existe amor proibido? Amem-se o médico e paciente, o patrão e empregada, o professor e a aluna. Amem-se os heteros, homos e bi. Com bis. Amem-se o velho e o moço, o Pierrot e a colombina, a bela e a fera, o King Kong. Amem-se a rica e o pobre, a negra e o branco, América e Europa, Iraque e Estados Unidos, Brasil e Argentina. Marília e Dirceu, Brás e Virgília, Miranda e Estela. Amem-se Bentinho, Escobar e Capitu. Amem-se Maria Paula, Ferraço, Juvenaldo ou Adalberto, Marcelo e Gyselle Pelé e Maradona, Romário e Edmundo. Amem-se Piauí Pop e micarina, Record e Globo, Pepsi e Coca-cola, Adidas, Bandidas e Nike . Ame seus amigos e até os inimigos. Ame seu país, seus pais e filhos. Ame Deus, Jesus e Maria. Ame-se.
Pois o amor não tem idade nem profissão. Não tem lugar nem hora. Não é concreto e nem abstrato. Não é vidro, plástico ou papel. Não é ruim, nem péssimo, nem horrível. Não é mais ou menos. O amor é sublime, é lindo, é fervoroso, é esplêndido, é cordial, é louvável, é inquestionável, é de graça e transferível, é insano e saudável, é claro e enigmático, é doce, encantador e nos deixa com cara de bobos.
Mas amar é diferente. Amar é tudo isso elevado ao infinito. De que se vale o amor se não nos valermos a amar? Ame. Ame mesmo. Ame muito, agora e sempre!
Aqueles grandes olhos negros, escondidos por óculos fundo-de-garrafa, brilhavam sempre que se deparavam diante de uma boa leitura. Liam e reliam centenas de vezes tudo o que julgava interessante e sempre guardava as preciosas informações para aplicá-las na vida.
Leituras que gerariam uma infinidade de conseqüências no futuro daqueles olhos. Chegaram até a serem expulsos de casa por entrarem em contradição com o pai. Eram desprovidos de amigos. Perambulavam sempre solitários como quem procura loucamente por um refúgio. Na faculdade, freqüentemente conversavam com seus professores. Política, economia, polêmicas... E os mestres se mantinham estáticos, calados, impressionados com o alto grau crítico que aqueles olhos dispunham.
Logo antes do término do ensino superior, conseguiram um bom emprego. O chefe os admirara até o dia em que estes grandes olhos negros, e somente eles, de uma firma de mais de mil funcionários, foram reivindicar os seus direitos trabalhistas, desconhecidos por muitos, até mesmo pelo chefe. Resultado: demissão.
Trancados em um apartamento, à luz turva de uma vela, começaram a escrever livros. Ou eles se manifestavam ou se tornariam submissos. Preferiram a primeira opção. Publicaram de críticas a romances e poesias. Em suas resenhas era típico o semblante de indignação das pessoas que liam. Não usavam apenas palavras bonitas ou citações de filósofos famosos, mas articulavam com fatos, dados reais e indeléveis de uma sociedade. Nem mesmo a revista mais renomada no país escapou aos olhos afiados. Enfrentavam poderosos, apoiavam os fracos e superavam derrotas.
Levava uma vida a estilo Olga Bernardes: perseguição, prisão, exílio. Em uma noite de lua cheia, ouvira um barulho. Pareciam fogos de artifício, mas não era. Sentira a cabeça esquentar. A noite já não era mais clara, as nuvens fecharam a lua e tudo penumbrou. As linhas retas dos paralelepípedos transformaram-se em grandes curvas sinuosas. Ouvia zumbido, sons que não sabiam de onde vinham. Levou as mãos à cabeça. Sentiu algo úmido. Pólvora, sangue... Morte.
E este é o preço que se paga por saber demais. E aqueles grandes olhos negros só queriam justiça. Só queriam ser cidadãos.
O projeto de lei nº. 3.627, apresentado ao congresso nacional pelo MEC no dia 20 de maio de 2004, foi elaborado a partir de sugestões da sociedade aos parlamentares da Comissão de Educação e Cultura.
Esse projeto de cotas universitárias, que assegura a reserva de 50 % das vagas nos cursos superiores e beneficia somente afrodescendentes, indígenas e alunos de rede pública é uma ofensa. Se o presidente Lula der ao projeto de reforma universitária o mesmo destino que deu ao texto original da Acinav, a lata de lixo, fará um favor a seu governo e um bem ao país.
O documento tem 35 páginas, 100 artigos e nenhuma luz. A peça constituiu o mais frontal ataque à sociedade aberta já apresentada pelo governo brasileiro. Esse documento combina agressões ao bom senso, ao método acadêmico, à economia de mercado e à ordem jurídica, com um desprezo solene pela busca do conhecimento.
A proposta universitária acaba com a mais sagrada das conquistas acadêmicas: a meritocracia. A reforma é mais assustadora pelo delírio, pela intenção de elevar as massas ao estágio superior do pensamento apenas pela boa vontade, como em um passe de mágica.
Como podem as mentes esquerdistas petistas discriminar a capacidade intelectual de uma pessoa pela cor da pele, tipo de cabelo ou cor dos olhos? O problema racial não existe no ingresso às universidades públicas, mas quando se chega ao término do curso e se parte em direção de um emprego.
É exatamente neste momento que as pessoas são distinguidas de uma maneira tão sarcástica que não se leva em conta o seu diploma. Foi o que aconteceu na UFPR. A Justiça do Paraná determinou o fim da reserva de 20% das vagas para candidatos afrodescendentes, bem como os 20% de candidatos provenientes de escolas públicas. Boa parte dos negros desse estado conseguiu ingressar na universidade, mas pouco deles conseguiram empregos dignos de sua formação acadêmica.
O Brasil tem um sério problema, complexo e verdadeiro, no campo do ensino superior. Em proporção à população, é um dos países emergentes com o menor número de pessoas cursando o terceiro grau. E a reforma nada faz para minorar esse problema. Ao contrário, em nome de combater questões que só existem nas mentes dos esquerdistas dos autores do projeto, a reforma, se vier a ser implantada, vai restringir ainda mais o acesso de brasileiros às universidades. Reservar vagas, seja a quem for, vai contribuir para a queda de nível de ensino superior. Na USP, por exemplo, três em cada dez candidatos com notas suficientes para passar no vestibular seriam reprovados e, em seu lugar, alunos com médias 60% piores teriam direto à vaga.
O sistema de cotas já está mais que provado de que não é uma solução de educação e nem de inclusão social. O que se tem de fazer em relação aos problemas com os índices de não-aprovação de alunos de escolas públicas é reformar o ensino de base. Investir no ensino fundamental e médio e criar cursos de pré-vestibular gratuito. Quanto aos problemas raciais, as pessoas devem pelo menos tentar acabá-los educando seus filhos e a si mesmo.
A verdade, no entanto, é que associar incapazes, criminosos e mal-caráteres a negros é um dos defeitos de nossa cognição rápida. O Teste de Associação Implícita, criado por psicólogo de Harvard, mostrou que somos propensos a associar idéias positivas a homens brancos, familiares a mulheres e negativas a negros. Mais de quinhentas mil pessoas foram testadas e 80% delas associam brancos a qualidades positivas. A explicação disso é que estereótipos raciais e sexistas dominam o banco de dados que abastecem a nossa cognição rápida. Pois graças aos preconceitos formados desde a infância e absorvidos pela mente durante a vida, nós formamos padrões de julgamentos prontos para ser executados num piscar de olhos. Mas, apesar de levar tempo, é possível mudar os paradigmas com os quais o nosso cérebro trabalha, porque tudo isso vem de uma questão histórica, no século das Grandes Navegações, quando o homem branco começa a querer brincar de Deus e determina pessoas em puras ou não, dentre as quais ele decide apontar o negro como impuro. E se fosse o contrário?