Estava preparando-me para dormir quando pendurou-se-me uma idéia no trapézio de meu cérebro, começou a dar cambalhotas e despertou esta louca vontade de escrever. Escrever com ousadia. Pois na forma mais sensata de mundo, o verbo que jamais se deveria conjugar no imperativo é o verbo amar. Aprendi com o velho Brás que o amor da glória era coisa mais verdadeiramente humana que há no homem, a sua mais genuína perfeição.
Mas ame mesmo, ame muito, ame sem medo e sem vergonha! Quem disse que existe amor proibido? Amem-se o médico e paciente, o patrão e empregada, o professor e a aluna. Amem-se os heteros, homos e bi. Com bis. Amem-se o velho e o moço, o Pierrot e a colombina, a bela e a fera, o King Kong. Amem-se a rica e o pobre, a negra e o branco, América e Europa, Iraque e Estados Unidos, Brasil e Argentina. Marília e Dirceu, Brás e Virgília, Miranda e Estela. Amem-se Bentinho, Escobar e Capitu. Amem-se Pelé e Maradona, Romário e Edmundo. Amem-se Pepsi e Coca-cola, Adidas, Bandidas e Nike . Ame seus amigos e até os inimigos. Ame seu país, seus pais e filhos. Ame Deus, Jesus e Maria. Ame-se.
Pois o amor não tem idade nem profissão. Não tem lugar nem hora. Não é concreto e nem abstrato. Não é vidro, plástico ou papel. Não é ruim, nem péssimo, nem horrível. Não é mais ou menos. O amor é sublime, é lindo, é fervoroso, é esplêndido, é cordial, é louvável, é inquestionável, é de graça e transferível, é insano e saudável, é claro e enigmático, é doce, encantador e nos deixa com cara de bobos.
Mas amar é diferente. Amar é tudo isso elevado ao infinito. De que se vale o amor se não nos valermos a amar? Ame. Ame mesmo. Ame muito, agora e sempre!