terça-feira, maio 26

Entropia


“Derrame-me a Natureza sobre a cabeça ardenteO sol, a sua chuva, o vento que me acha o cabelo,E o resto que venha se vier, ou tiver que vir, ou não venha.Escravo Cardíaco das estrelas, Conquistamos todo o mundo antes de nos levantar da cama;Mas acordamos e ele é opaco,Levantamo-nos e ele é alheio,Saímos da casa e ele é terra inteira,Mais o sistema solar, a Via Láctea e o Indefinido” – Fernando Pessoa



Tempos atrás, perturbava-me a ideia fixa de que eu tinha de desvendar de onde veio o universo, para onde essa grande massa de poeira está indo e por que todo mundo buscava teorias. Hoje me pergunto: Para quê?! Se já dizia o poeta que o mundo é indefinido, para que buscar explicação para tudo? Se o universo inteiro está ao alcance das nossas mãos sem ao menos sair de casa? Tanta tecnologia, tanta fumaça, tanta máquina... E o homem? E a filosofia, onde ficam?


Procuramos explicação para a pobreza, fome, guerras, crises financeiras. Centenas de doutores em economia, relações exteriores, diplomatas explicando o caos do mundo. Enquanto isso a cada três segundos morre uma pessoa de fome, os mulçumanos continuam sofrer atentados, casas saqueadas, pessoas assaltadas, e outras morrendo em fila de hospital. Todo mundo tentando explicar por que isso acontece na esperança de alguém aparecer, talvez o Messias, para nos salvar.



Todos temos teorias, todos temos os nossos porquês. Só não há solução. Não há Messias, não há luz no fim do túnel e Obama não é um deus. Todos estamos em casa dormindo sem nem se dar conta de quantos não têm onde dormir, o que comer, nem mesmo o que pensar. Jogamos as responsabilidades para debaixo do tapete e continuamos a ideia fixa de quem vai consertar o mundo são os Estados Unidos e os membros da ONU. Levamos uma vida egoísta e indiferente “enquanto o caos segue em frente com toda calma do mundo”. Não temos mais voz, não criticamos mais e nos desfazemos do direito da liberdade de expressão, não porque foi proibido, mas por não expressarmos mais.


E assim vão se seguindo os dias. Até o fim do mundo chegar. Entretanto, ainda não nos demos conta de que o fim já passou e esta é a nossa segunda chance. Não podemos mais errar.

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