Não sei se por inteligência ou por acaso, deixei o medo (ou outra coisa, não sei!) tomar conta de mim e me fazer não levar o amor a sério. Quando estive tão perto, deixei-o escapulir por entre meus dedos, como alguém que tenta segurar água com as mãos abertas. Hoje vejo que esse foi o primeiro erro.
Agora toda vez que tento tocá-lo, sinto a frieza, a distância e inconscientemente insisto em encontrar nele aquele pedaço de ternura que um dia me fez cair nesta ilusão.Foi este o segundo erro... Burrice!
E por tolice ou por desejo, continuei errando e ainda estou a errar achando que o erro será o caminho que me levará ao acerto. Ou pode ser que isso tudo seja o contrário e eu não tenha cometido erro algum, ou pode ser que apenas camuflei(-amos?!) os acertos sob os erros para não parecer frágil, nem vulnerável ou indecisos.
Tempos atrás, perturbava-me a ideia fixa de que eu tinha de desvendar de onde veio o universo, para onde essa grande massa de poeira está indo e por que todo mundo buscava teorias. Hoje me pergunto: Para quê?! Se já dizia o poeta que o mundo é indefinido, para que buscar explicação para tudo? Se o universo inteiro está ao alcance das nossas mãos sem ao menos sair de casa? Tanta tecnologia, tanta fumaça, tanta máquina... E o homem? E a filosofia, onde ficam?
“Tanto amor em mim e em ti nem tanto...”
Droga!
No canto mais obscuro da mente, onde já não há mais diferença entre sonho e imaginação, padece a euforia de um destino incerto. Uma confusão no cérebro, uma amálgama, um tumulto tão grande no racional, mas que ironicamente causa um desesperado conforto ao coração. Pois pessoas inacessíveis são diabolicamente sedutoras. Quanto mais intocáveis, maior o desafio e o desejo. Não só o desafio de atingi-las, mas o de não querer atingir, o de não conseguir desistir. Por isso confunde, tortura, bagunça e exorta um quebra-pau interior.
Pior é quando sonho, imaginação e desejo se misturam e criam uma falsa realidade. Um paradoxo terrível é encontrar alguém (atingível) e com caractrerísticas tão semelhantes às inatingíveis até mesmo no Capricho do cheiro, mas não querer tocá-las, não sentir acelerar os movimentos do miocárdio. Ter tudo o que se deseja da pessoa inatingível mas que não vem dela. Uma linha bem torta, escrita por não sei quem, criou a incerteza, ironia e sarcasmo do destino.
***
Aprendi a dividir os outros. Difícil será eu aprender a me dividir.
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