Noite passada, sonhei com uma escada que tocava o céu. Eu tentei subir, eu tentei tocar o céu. Mas cada degrau que eu passava parecia ser ainda o primeiro. E eu fazia força, fechava os olhos. Mas lá estava eu ainda estática no mesmo degrau.
Confesso. Pensei em desistir. O céu era muito longe e alcançá-lo era dom de divindades. Foi quando eu escutei uma voz rouca de latim meio vago que dizia “Força, você consegue. Eu sou a lei.”
Procurei aquela voz misteriosa ao meu redor. E eu só conseguia ver branco e azul. Não havia nada. Não havia ninguém. Não havia chão. Apenas o céu e a escada. Eu tinha que subir. Aonde eu iria se não subisse? Olhei para cima e vi degraus sob degraus. Pensei comigo “Meu Deus, podes me ouvir?”
Parei por um instante e olhei para o degrau sobre meus pés. Ele brilhava e lá estava eu no reflexo, também a brilhar. Mas custei a perceber que era eu quem brilhava tanto. Um brilho que parecia vir do futuro anunciando o sucesso da vida.
Passei a acreditar mais em mim. E subi a escada. E toquei o céu.