segunda-feira, junho 2 0 FAÇA UM COMENTÁRIO

Depois dos 60 anos


Quando uma pessoa muito querida completa sessenta anos, sempre interpretamos como uma vitória. É a heroína que superou as manhas da infância, a rebeldia da adolescência e a soberba da fase adulta. Mas depois paramos para pensar que esta pessoa está mais perto do adeus.

Começamos a nos arrepender. Arrependemos de todas as coisas que devíamos ter feito juntos e não fizemos. Das coisas que fizemos e não devíamos ter feito, de um abraço não dado, de um parabéns não conquistado, de uma ligação inoportuna, de um erro não perdoado, de uma discussão boba, de uma palavra errada, de uma teimosia ou ingênua concordância. De um almoço não dado, um jantar conturbado, de não saber como dizer eu te amo.

E o pior de tudo é que, mesmo após tanto tempo de convivência, não sabemos nem por onde começar a aproveitar o pouco tempo que ainda nos resta. Uma mudança repentina de comportamento poderia ser vista como interesse na herança ou algo do tipo. A gente pode perceber pela malícia nos olhos das pessoas ou nos cochichos indiscretos. Depois bate uma angústia no peito como um redemoinho que te suga até o centro da alma, uma tristeza sem palavras e sem ação. Apelamos a Deus para que Ele nos dê os seus braços que nos acolhem à sombra de um solitário quarto inundado de lágrimas.

Então a pessoa parte para aquele lugar que ninguém pode trazê-la de volta. E procuramos as boas lembranças para nos confortar sem encontrar muita coisa. Um sorriso ou outro talvez. E nunca conseguimos superar a dor, pois sempre que nos lembramos da pessoa querida, sentiremos remorso pelos nossos arrependimentos. E nunca encontraremos ninguém para substituí-la.

Se prevenir é melhor do que remediar, não posso dizer. Mas tenho a certeza de que aproveitar a vida e sonhar é melhor do que não acreditar nela e deixar tudo o que vale a pena se entregar passar despercebido. Oportunidades são poucas. Não esperemos pela mais fácil, mas pela qual nos sentimos mais leves e felizes. Não queira provar do amargo gosto da covardia
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Ame, ame mesmo, ame muito!



Estava preparando-me para dormir quando pendurou-se-me uma idéia no trapézio de meu cérebro, começou a dar cambalhotas e despertou esta louca vontade de escrever. Escrever com ousadia. Pois na forma mais sensata de mundo, o verbo que jamais se deveria conjugar no imperativo é o verbo amar. Aprendi com o velho Brás que o amor da glória era coisa mais verdadeiramente humana que há no homem, a sua mais genuína perfeição.


Mas ame mesmo, ame muito, ame sem medo e sem vergonha! Quem disse que existe amor proibido? Amem-se o médico e paciente, o patrão e empregada, o professor e a aluna. Amem-se os heteros, homos e bi. Com bis. Amem-se o velho e o moço, o Pierrot e a colombina, a bela e a fera, o King Kong. Amem-se a rica e o pobre, a negra e o branco, América e Europa, Iraque e Estados Unidos, Brasil e Argentina. Marília e Dirceu, Brás e Virgília, Miranda e Estela. Amem-se Bentinho, Escobar e Capitu. Amem-se Maria Paula, Ferraço, Juvenaldo ou Adalberto, Marcelo e Gyselle Pelé e Maradona, Romário e Edmundo. Amem-se Piauí Pop e micarina, Record e Globo, Pepsi e Coca-cola, Adidas, Bandidas e Nike . Ame seus amigos e até os inimigos. Ame seu país, seus pais e filhos. Ame Deus, Jesus e Maria. Ame-se.


Pois o amor não tem idade nem profissão. Não tem lugar nem hora. Não é concreto e nem abstrato. Não é vidro, plástico ou papel. Não é ruim, nem péssimo, nem horrível. Não é mais ou menos. O amor é sublime, é lindo, é fervoroso, é esplêndido, é cordial, é louvável, é inquestionável, é de graça e transferível, é insano e saudável, é claro e enigmático, é doce, encantador e nos deixa com cara de bobos.


Mas amar é diferente. Amar é tudo isso elevado ao infinito. De que se vale o amor se não nos valermos a amar? Ame. Ame mesmo. Ame muito, agora e sempre!

domingo, maio 11 1 FAÇA UM COMENTÁRIO

Olhos negros

Aqueles grandes olhos negros, escondidos por óculos fundo-de-garrafa, brilhavam sempre que se deparavam diante de uma boa leitura. Liam e reliam centenas de vezes tudo o que julgava interessante e sempre guardava as preciosas informações para aplicá-las na vida.

Leituras que gerariam uma infinidade de conseqüências no futuro daqueles olhos. Chegaram até a serem expulsos de casa por entrarem em contradição com o pai. Eram desprovidos de amigos. Perambulavam sempre solitários como quem procura loucamente por um refúgio. Na faculdade, freqüentemente conversavam com seus professores. Política, economia, polêmicas... E os mestres se mantinham estáticos, calados, impressionados com o alto grau crítico que aqueles olhos dispunham.

Logo antes do término do ensino superior, conseguiram um bom emprego. O chefe os admirara até o dia em que estes grandes olhos negros, e somente eles, de uma firma de mais de mil funcionários, foram reivindicar os seus direitos trabalhistas, desconhecidos por muitos, até mesmo pelo chefe. Resultado: demissão.

Trancados em um apartamento, à luz turva de uma vela, começaram a escrever livros. Ou eles se manifestavam ou se tornariam submissos. Preferiram a primeira opção. Publicaram de críticas a romances e poesias. Em suas resenhas era típico o semblante de indignação das pessoas que liam. Não usavam apenas palavras bonitas ou citações de filósofos famosos, mas articulavam com fatos, dados reais e indeléveis de uma sociedade. Nem mesmo a revista mais renomada no país escapou aos olhos afiados. Enfrentavam poderosos, apoiavam os fracos e superavam derrotas.

Levava uma vida a estilo Olga Bernardes: perseguição, prisão, exílio. Em uma noite de lua cheia, ouvira um barulho. Pareciam fogos de artifício, mas não era. Sentira a cabeça esquentar. A noite já não era mais clara, as nuvens fecharam a lua e tudo penumbrou. As linhas retas dos paralelepípedos transformaram-se em grandes curvas sinuosas. Ouvia zumbido, sons que não sabiam de onde vinham. Levou as mãos à cabeça. Sentiu algo úmido. Pólvora, sangue... Morte.

E este é o preço que se paga por saber demais. E aqueles grandes olhos negros só queriam justiça. Só queriam ser cidadãos.


 

quarta-feira, maio 7 0 FAÇA UM COMENTÁRIO

Curiosidades da nossa língua


Como é bom compartilhar conhecimentos. Ai vai uma:
A origem da palavra camelô

A origem da palavra é o árabe khamlat , nome que se dava aos tecidos rústicos comercializados em feiras livres e apregoados aos berros pelos vendedores, os camelôs de séculos atrás. Foi quando se popularizou, na França, o verbo cameloter, vender quinquilharias, coisas de pouco valor, na palavra eloqüente e vibrante do camelô, aquele que escolhe lugar movimentado em via pública - de preferência, com intenso passa-passa - para anunciar suas mercadorias. É o vendedor ambulante que apregoa bungigangas a platéias bestificadas. Com seu poder de convencimento, muitas vezes esses verdadeiros artistas, vitoriosos no ofício, enricam e viram donos de impérios. Que o diga o magnata Sílvio Santos - que, entretanto, jamais se esqueceu do apinhado Largo da Carioca. Foi lá que começou sua fulgurante carreira.
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Abandono

Ai meu blog... Está ai na net jogado às traças, sem atualizações... Mas isso vai mudar! Vou conseguir um tempinho pra escrever algo interessante...
 
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